Ligar Portugal

Criar 44000 novos empregos no sector das Tecnologias da Informação e da Comunicação e duplicar a percentagem de trabalhadores que utilizam computadores ligados à Internet no emprego são 2 das metas definidas pela Iniciativa Ligar Portugal, lançada no passado mês de Julho. O documento divulgado faz uma análise dos indicadores de referência na Europa e estabelece o diagnóstico da realidade nacional, no final de 2004:– Baixa taxa de penetração da Internet;– Fraca penetração dos computadores nos agregados familiares;– Mercado nacional de telecomunicações pouco competitivo na oferta de banda larga;– Utilização principal da Internet pelos cidadãos para usufruir de serviços básicos, como o correio electrónico;– Comércio electrónico utilizado por uma minoria de cidadãos;– Utilização pouco significativa da Internet, nas relações entre o cidadão e a Administração, para a generalidade dos serviços.

A partir deste cenário, com fragilidades que dificultam uma rápida mudança da situação, a Iniciativa estabelece um conjunto de metas e acções que visam mobilizar as pessoas e as organizações para o uso generalizado das Tecnologias da Informação e da Comunicação e para o desenvolvimento
em Portugal da Sociedade da Informação e do Conhecimento até 2010.
Esta Iniciativa visa ainda responder aos desafios da recente iniciativa “i2010 Sociedade da Informação europeia para o crescimento e emprego” da Comissão Europeia e contribuir para o cumprimento da Estratégia de Lisboa.

As principais metas definidas distribuem-se por 3 níveis. O primeiro das infra-estruturas e acesso, o segundo do desenvolvimento económico, emprego e apropriação social, e o terceiro das capacidades e competências. No primeiro nível são definidas 4 metas relacionadas com o acesso e utilização das TIC pelos cidadãos, a banda larga e a aprendizagem electrónica:– Duplicar os utilizadores regulares de Internet, passando de 25% em 2004 para mais de 60% em 2010 a percentagem de utilizadores com idades entre 16 e 74 anos. Na União Europeia de 15 países (UE15) a taxa média era de 41% em 2004 e no líder da EU, a Suécia, era de 75%;– Triplicar o número de agregados familiares com acesso à Internet em banda larga, de 17% para mais de 50%. No líder da EU, a Dinamarca, a taxa era de 36% em 2004;– Multiplicar o número de computadores nas escolas, de forma a passar de 17 em 2001 para 5 em 2010 o número de alunos por computador nas escolas do 1º e 2º ciclo do ensino básico. Na UE15 era de 13,2 em 2001 e no líder da EU, o Luxemburgo, era de 2;– Reduzir o preço do acesso em banda larga, incluindo tráfego ilimitado e assinatura de linha telefónica, para valores ao nível dos 3 mais baixos da EU. De referir que em França a mensalidade para o serviço ADSL de 512Kbps era, em 2004, cerca de 36% da praticada pelo incumbente em Portugal, em poder paritário de compra, segundo dados da OCDE.

No segundo nível são também definidas 4 metas relativas ao emprego, ao acesso e utilização das TIC pelas empresas, ao comércio electrónico e à administração pública electrónica:– Aumentar o número de empregos no sector das TIC de 2,13% em 2003 para 3% do total em 2010, o que se traduz na criação dos já referidos cerca de 44000 novos empregos. Na UE15 era de 3,06% em 2003 e no líder da EU, a Suécia, era de 4,68%;– Aumentar, de 19 em 2004 para 40 em 2010, a percentagem de trabalhadores que utilizam computadores ligados à Internet no emprego. Nos líderes da EU, a Dinamarca e a Finlândia, era de 53% em 2004 e na UE15 era de 26%;– Aumentar, de 3 para 25, a percentagem de utilizadores do comércio electrónico. Na UE15 era de 21% em 2004 e no líder da EU, o Luxemburgo, era de 32%;– Disponibilizar on-line 100% dos serviços públicos básicos, em 2010, partindo de uma taxa de 40% em 2004. No líder da EU, a Suécia, era de 74% e na UE15 era de 50%; No terceiro nível são definidas 5 metas relativas à formação superior, formação ao longo da vida, formação de investigadores e à despesa em investigação:– Aumentar, de 4,8 em 2004 para 13 em 2010, a percentagem de pessoas, de 25 a 64 anos, que participam regularmente em acções educacionais e de formação. Na UE15 era de 12,9% em 2004 e no líder da EU, a Suécia, era de 35,8%;– Aumentar, de 8,2 em 2003 para 12 em 2010, a permilagem de novos graduados, com idades entre os 20 e 29 anos, em áreas científicas e tecnológicas. Na Irlanda, o líder da EU a taxa era de 24,2% em 2003, e na UE15 era 13,1%;– Aumentar, de 0,3 em 2001 para 0,45 em 2010, a permilagem de novos doutoramentos, com idades entre os 25 e 34 anos, em áreas científicas e tecnológicas. Na Suécia, o líder da EU a taxa era de 1,37% em 2003, e na UE15 era 0,55% em 2001;– Duplicar o investimento público
em I&D,
passando de 0,6% para cerca de 1% do PIB;– Triplicar o investimento privado
em I&D,
que em 2003 era 0,27% do PIB. Na UE15 era de 1,13% em 2003 e no líder da EU era de 3,07%.

A Iniciativa Ligar Portugal apresenta, no final, algumas das acções a implementar, e anuncia a criação de um Fórum para a Sociedade da Informação, que será um órgão de consulta e concertação para o desenvolvimento das políticas públicas para a sociedade da informação e do conhecimento, com representantes dos principais actores sociais, públicos e privados, e será aberto, de forma interactiva, à sociedade em geral. De referir, a terminar, que a comparação dos indicadores acima referidos dá uma ideia clara da dimensão dos desafios que Portugal enfrenta e do enorme esforço que terá de fazer para atingir as metas definidas, sob pena de não acompanhar a União Europeia na sua estratégia de crescimento e emprego.

Fontes: Eurostat, Eurobarometer, OCDE, Cap Gemini, DG Research, Ligar Portugal

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