Financiamento da Formação (2) – Óptica da Oferta

De acordo com o estudo sobre “Práticas de Financiamento da Formação em Portugal”, publicado pelo IQF- Instituto para a Qualidade na Formação, 79,7% dos operadores de formação são empresas de formação/consultoria, associações e cooperativas e instituições particulares de solidariedade social.

Estes resultados mostram um mercado muito concentrado em 3 tipos de entidades, no qual os centros de formação, as instituições de ensino e as universidades/politécnicos têm uma reduzida expressão com 4,5%, 5% e 1,7%, respectivamente.

Das 834 entidades que responderam aos inquéritos, 96,5% desenvolve formação para o exterior, distribuindo-se por dois grupos: as entidades com fins lucrativos com 45% e as entidades sem fins lucrativos com 55%. Estas entidades têm uma actividade com uma lógica mais social, enquanto que as entidades privadas actuam numa lógica de mercado.

No caso das entidades com fins lucrativos constata-se que mais de 70% são empresas de formação/consultoria, enquanto que nas entidades sem fins lucrativos mais de 50% são associações e mais de 25% são instituições particulares de solidariedade social.

Quanto à dimensão, o estudo conclui que 36% das entidades sem fins lucrativos tem menos de 10 trabalhadores, o que contrasta com 63% para as entidades com fins lucrativos, o que mostra que estas possuem estruturas de recursos humanos mais leves.

Outros resultados interessantes, referem-se ao início de actividade, tendo o estudo concluído que cerca de 60% das entidades com fins lucrativos iniciou a sua actividade depois de 1993, na altura em que houve um forte crescimento dos apoios à formação através dos QCA II e III. Pelo contrário, cerca de 70% das entidades sem fins lucrativos iniciou a sua actividade antes de 1994.

Na análise feita aos domínios de intervenção das entidades de formação verificou-se que a grande maioria, independentemente de terem ou não fins lucrativos, se centra na organização e execução da formação. A única diferença significativa, é que as entidades sem fins lucrativos têm maior expressão no tocante a outras intervenções, o que resulta da sua lógica de intervenção mais social.

No tocante ao tipo de formação e ao público-alvo, verificou-se que nas entidades sem fins lucrativos quase metade desenvolve exclusivamente formação geral, enquanto que nas entidades com fins lucrativos há um equilíbrio entre a formação geral e a específica. Nestas entidades, mais de 77% realiza essencialmente formação contínua para activos empregados, ao contrário do que acontece com as entidades sem fins lucrativos, onde 68% só realiza formação inicial e 41% formação para o desenvolvimento social, para pessoas à procura do 1º emprego e para desempregados de longa duração.

O estudo constatou, ainda, que a formação presencial com mais de 95% e a formação em contexto de trabalho com 60%, são os modelos de formação predominantes tanto nas entidades com fins lucrativos como nas outras.

Os modelos de formação em e-learning são pouco utilizados, tendo-se verificado que 8,7% das entidades com fins lucrativos desenvolveram projectos neste domínio, o que representa quase o dobro do valor verificado no outro tipo de entidades (4,5%).

No entanto, há perspectivas futuras que são animadoras, pois mais de 96% das entidades referem que vão continuar a realizar formação a curto prazo e, a longo prazo, mais de 93% das entidades.

Para terminar a análise de resultados na óptica da oferta, interessa destacar os aspectos relativos ao financiamento e ao tipo de clientes. Quanto ao financiamento, constatou-se que cerca de 75% das entidades com fins lucrativos utilizou recursos próprios, e que 40% não recorreu a fundos públicos, o que revela um equilíbrio na utilização dos fundos privados e públicos.

No caso das entidades sem fins lucrativos os resultados obtidos reflectem uma estratégia oposta, ou seja, menos de 40% utilizou recursos próprios e 78% recorre a fundos públicos, o que mostra um grau de dependência muito elevado dos fundos públicos.

No último aspecto, relativo à acreditação por tipo de clientes, verifica-se uma diferença significativa. A maioria das entidades sem fins lucrativos (77%) refere que o principal cliente é a procura individual.

Nas entidades com fins lucrativos o principal cliente é a procura empresarial com 74% e a procura individual com 64%, tendo os outros tipos de clientes reduzida expressão.

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