Na passada semana Bill Gates esteve em Portugal para presidir ao Microsoft Government Leaders Fórum e assistir à assinatura do Memorando de Entendimento de colaboração no Plano Tecnológico entre o Governo Português e a Microsoft.
Não deixando os seus créditos por mãos alheias, o líder da Microsoft, foi o centro das atenções de miúdos e graúdos, dando a todo o país uma lição na difícil arte de conjugar responsabilidade social com aproveitamento de oportunidades de negócios. Como corolário da acção da máquina de comunicação da Microsoft, o Plano Tecnológico não teve espaço para se projectar como “ideia política mobilizadora, do Estado, das empresas e de cada um dos cidadãos” como pretendia o primeiro-ministro na sua intervenção no Fórum. De facto, durante alguns dias só se falou e escreveu sobre o homem mais rico do planeta, a fundação que criou com a mulher, os milhões que gasta com as mais diversas causas, mas o Estado, as empresas e os cidadãos não foram mobilizados para investir nos factores críticos de modernização do país: conhecimento, tecnologia e inovação. Do Plano Tecnológico, a única ideia que provavelmente passou para os cidadãos e as empresas foi o lançamento de 18 iniciativas com a colaboração da Microsoft. É muito pouco e redutor quando se pretende mobilizar o país.
Ao contrário de Bill Gates, que trazia a lição bem estudada, o governo não soube aproveitar a oportunidade para passar uma mensagem clara sobre o projecto de desenvolvimento para Portugal, e do enquadramento da colaboração com a Microsoft nas várias medidas do Plano Tecnológico. Os cidadãos e as empresas continuam sem conhecer a esmagadora maioria das mais de 160 medidas do Plano Tecnológico e sem perceber o seu contributo para o desenvolvimento de Portugal.
Deste modo, não é de estranhar que na posição do Grupo de Alto Nível da Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade da Informação se refira que “não fazendo parte de um projecto emblemático (…), como é o caso da OTA e do TGV, e não tendo tido uma liderança única e carismática no topo, visível e reconhecida, o Plano Tecnológico tem sido, até ao momento, uma frustração nacional.”
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