Para uma Sociedade de Empreendedores

Nos últimos anos muito se tem escrito sobre os desafios que se colocam ao sistema de ensino no sentido de formar cidadãos mais empreendedores, com capacidade para agir num contexto de forte competitividade e de permanente mudança.

De uma forma simples pode dizer-se que a questão essencial é “como reformar o sistema de ensino para passarmos de uma sociedade de empregados para uma sociedade de empreendedores?”.

De facto, estudos realizados confirmam que a ambição dos portugueses é trabalhar por conta de outrem, de preferência na administração pública em virtude de proporcionar os empregos que oferecem maior segurança.

Para combater esta realidade, têm sido lançados diversos projectos, muitos deles apoiados por programas e iniciativas comunitárias, como acontece com o projecto RS4E, Road-Show for Enterpreneurship, promovido pelo Centro de Empresas e Inovação da Madeira. No entanto, apesar dos resultados positivos alcançados pelos projectos, é necessário ir mais longe e integrar o espírito empreendedor no sistema de ensino.

Aproveitando o novo quadro de apoio europeu, governo português incluiu no Plano Nacional de Crescimento e Emprego para 2007 a 2013, uma medida para a “introdução do ensino do empreendedorismo em escolas secundárias e realização de concursos nacionais de ideias e de “business plans”. O objectivo é fomentar desde cedo nos alunos uma cultura empreendedora que ultrapasse a aversão ao risco e o estigma do insucesso ainda prevalecentes na cultura e identificados repetidamente como grande factor de inibição da actividade económica.”

A nível regional, o Plano de Desenvolvimento Económico e Social para o mesmo período define a inovação, o empreendedorismo e a sociedade da informação como uma prioridade estratégica com o objectivo de “assegurar níveis elevados e sustentados de crescimento económico e do emprego através da consagração, na Região Autónoma da Madeira, do novo paradigma das políticas de desenvolvimento baseadas na inovação, no empreendedorismo e na sociedade do conhecimento.”

Estas apostas traduzem o reconhecimento da importância do empreendedorismo no desenvolvimento económico e social, e constituem uma base de partida para o sucesso das medidas a implementar.

Trata-se, contudo, de uma base de partida necessária mas não suficiente. O sucesso vai depender, essencialmente, do modo como o sistema de ensino exercer o seu papel no sentido de despertar, valorizar e encorajar o espírito empreendedor nos seus alunos.

Este novo papel não é fácil. O espírito empreendedor tanto nos negócios como nas escolas, consiste em identificar oportunidades e em reunir os recursos necessários para satisfazer a procura dos consumidores, com rentabilidade.

Fomentar este espírito num sistema de ensino pouco aberto à experimentação e à difusão de inovações, que privilegia a abstracção, não reconhece o direito ao erro e não encoraja a curiosidade, a imaginação e a autonomia é um desafio de envergadura.

A análise das boas práticas neste domínio, permite destacar 2 medidas que têm conseguido bons resultados. A primeira consiste na introdução de uma disciplina específica nos currícula de todos os graus de ensino, a partir do primário, sendo o desenvolvimento dos seus conteúdos efectuado em estreita ligação com empresários e empreendedores. O segundo na formação de professores-empreendedores capazes de encorajar a realização de projectos de criação de empresa ou de criação de novos produtos ou serviços, utilizando uma pedagogia de acção.

Em síntese, a estratégia adoptada é a formação por empreendedores em vez da tradicional formação de empreendedores.

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