O futebol tem hoje um papel de relevo na sociedade, não só porque movimenta muitos milhões de euros mas também porque arrasta multidões e gera muitas rivalidades e paixões que dão um certo colorido ao quotidiano saudosista dos portugueses. No entanto, a sua imagem está muito marcada por fenómenos como o “Apito Dourado” e o caso “Vale e Azevedo” entre outros, acabando por ser, com frequência e pelas piores razões, um assunto de primeira página. Sem entrar na análise do fenómeno desportivo, o desporto-rei tem, contudo, aspectos muito positivos com interesse para a reflexão dos gestores de empresas e de organizações. Pode-se dizer que é um caso de boas práticas em vários domínios como a formação, a avaliação e a gestão de equipas. Destas boas práticas, começo por destacar duas. A primeira tem a ver com o princípio de aprendizagem ao longo da vida e a segunda com o papel dos dirigentes no desenvolvimento dos recursos humanos da sua equipa.
De facto, o modo como se trabalha numa equipa de futebol é um exemplo cabal do princípio de aprendizagem ao longo da vida. Há um trabalho contínuo de aperfeiçoamento técnico dos jogadores ao longo de toda a época, e de desenvolvimento de competências tácticas. A formação dos jogadores da equipe não se resume à fase de preparação do campeonato. Neste aspecto, a realidade das empresas e organizações é bem diferente pois não há a preocupação de formar os membros da equipa e de desenvolver esse trabalho de forma contínua. A formação contínua, em geral, é feita fora da empresa ou organização, sem uma definição precisa de necessidades, numa óptica correctiva e pontual. Imaginem, o que aconteceria a uma equipa de futebol, que deixasse a responsabilidade da preparação da equipa a entidades externas, e que não treinasse diariamente para melhorar a sua eficácia, sob a orientação do treinador? O resultado seria, muito provavelmente, desastroso. Do mesmo modo, se o treinador se demitisse do seu papel de dirigente da equipa e de principal formador dos jogadores e optasse por solicitar a intervenção de entidades externas, o objectivo de vencer o campeonato ou obter uma boa classificação dificilmente seria atingido.
Mais uma vez, a realidade das empresas e organizações é outra. Na generalidade dos casos, os dirigentes não assumem o seu papel de treinadores da equipa formando diariamente a sua equipa com o objectivo de melhorar a sua eficácia. E, neste aspecto, é licito colocar a questão. Se é fácil perceber que o treinador não pode ser substituído no papel de formador da equipa o que leva os directores e os chefes de equipas a optarem por ser substituídos nessa missão? Estes dois aspectos, só por si, são suficientes para mostrar que o futebol também pode servir para reflectir sobre as práticas de desenvolvimento de recursos humanos. Mas, há mais…
Etiquetas: coaching, competências colectivas, futebol e gestão, mentoring
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