Reforma ao Longo da Vida

“Não se pode escapar à responsabilidade de amanhã, fugindo-lhe hoje” Abraham Lincoln

Nasci numa geração que durante muito tempo acreditou que havia uma idade para estudar e outra para trabalhar. Uma geração em que era normal ter um trabalho para toda a vida, nascer, viver e morrer na mesma casa, e ter um casamento para sempre. Mais, ter um curso universitário era uma garantia de trabalho com boas condições de remuneração e regalias sociais.

No entanto, a realidade da vida e as transformações dos últimos anos encarregaram-se de revelar que se tratava de uma ilusão. Hoje, as ilusões da juventude desmoronaram-se e descobrimos que temos de estudar durante toda a vida. De facto, o conhecimento adquirido nas escolas e universidades tem um prazo de validade cada vez mais curto, pelo que tem de ser renovado permanentemente.

Quando hoje se fala de aprendizagem ao longo da vida, não se trata de um modismo, mas sim de uma necessidade imperativa. O mundo mudou, e a maioria dos profissionais tem de realizar trabalhos que nem sequer existiam quando nasceram. Alguns especialistas vão mais longe e afirmam que as escolas e as universidades não nos preparam para a vida e que maior parte da nossa aprendizagem ocorre fora das aulas. Por outro lado, é bem conhecida a opinião das empresas que afirmam que qualquer parecença entre o que os jovens estudam e o trabalho de um profissional é pura coincidência.

Neste contexto, se aceitamos que temos de aprender ao longo da vida, então o sistema de educação e formação tem de adaptar-se às necessidades dos seus “clientes” e prestar um serviço de qualidade. As escolas e as universidades não podem deixar de aproveitar esta oportunidade e apostar na fidelização dos seus alunos. Para o conseguir têm de pensar a formação como um serviço, e conceber a sua oferta de formação com a participação dos beneficiários e dos clientes. A educação não pode continuar a ser o único sector onde o cliente não tem razão. Mas, a necessidade de termos de aprender ao longo da vida não é o único elemento novo. O aumento da idade da reforma é outro elemento a ter em consideração. Em síntese, temos de aprender ao longo da vida e por um período mais longo.

Se isto é verdade, como se vai reorganizar a nossa vida activa dado que o paradigma da idade para estudar e da idade para trabalhar está esgotado? Um dos modelos que emerge, já utilizado por países do norte da Europa, é a chamada “reforma ao longo da vida”. Na prática, trata-se de alternar períodos de trabalho de 5 anos, por exemplo, com períodos de licença de um ano para formação, considerando-se estes períodos sem trabalho efectivo como uma “reforma” que se goza ao longo da vida.

Se é certo que o caminho se fará caminhando, não é preciso ser visionário para perceber que na sociedade que emerge, baseada na economia do conhecimento, muita coisa vai mudar no domínio do trabalho e do emprego e, por conseguinte, da educação e da formação.

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