Mobilizar os portugueses para a sociedade da informação e do conhecimento, fomentar a aprendizagem ao longo da vida e elevar os níveis educativos médios são os 3 objectivos estratégicos do eixo Conhecimento, do Plano Tecnológico.
O Plano estabelece 8 metas, a alcançar até 2010, e os respectivos indicadores de impacto para se acompanhar a evolução de Portugal no domínio do conhecimento, dos quais quatro se referem ao primeiro objectivo acima referido, um ao segundo e três ao terceiro.
Passando à análise da evolução verificada nos últimos anos, começo pela taxa de utilização regular da Internet pelos indivíduos, cuja meta é 60%. Em 2004 este indicador era de 25% tendo evoluído para 28% em 2005, o que parece ser um crescimento muito reduzido face à meta estabelecida tendo em atenção as medidas já implementadas. Se este reduzido crescimento de mantiver até 2010 ficaremos muito aquém da meta referida.
Quanto à percentagem de agregados familiares com ligação à Internet em banda larga a situação é bastante mais favorável. A meta é 50% em 2010 e o crescimento verificado de 2004 para 2005 foi de 17% para 26%, ou seja um crescimento de 9 pontos percentuais. Mesmo que seja expectável um crescimento anual mais reduzido a meta deverá ser alcançada com alguma naturalidade.
Do mesmo modo, a manter-se a evolução verificada, a meta de 5 alunos por computador em 2010 deverá ser atingida. Este indicador evoluiu de 21 alunos por computador em 2001 para 11 em 2004, e as medidas previstas no Plano Tecnológico reforçam um cenário de manutenção desta rápida evolução.
Outra meta que deverá ser atingida sem sobressaltos é a percentagem de serviços públicos online que foi fixada em 100%. A evolução foi de 40% em 2004 para 60% em 2005 e neste domínio tudo aponta para que a meta seja atingida muito antes de 2010. Neste indicador, convém não confundir esta meta com a prestação de serviços totalmente online, pois refere-se somente à presença online dos serviços públicos.
No entanto, a situação começa a complicar-se com a formação ao longo da vida cuja meta foi fixada em 12,5%, para os cidadãos do grupo etário 25-64 anos. Esta taxa era de 4,8% em 2004 e evoluiu negativamente para 4,6% em 2005. Esta evolução não deixa de ser preocupante, pois significa que continuamos a divergir da média da EU25 que, no mesmo período, cresceu de 10,3% para 10,8%.
Também no caso da taxa da população com o ensino secundário, no grupo etário 20-24 anos, se registou uma evolução negativa. De uma taxa de 49% em 2004 passamos para uma taxa de 48,4% em 2005, muito distante dos 65% fixados na meta para 2010 e dos 77,3% da média da EU25 em 2005. Esta taxa traduz bem o conhecido défice de qualificação dos portugueses e revela que as medidas implementadas nos últimos anos demoram a dar os resultados pretendidos, pondo seriamente em causa a meta estabelecida, apesar desta ser significativamente inferior à média europeia.
No caso da taxa dos diplomados em ciência e tecnologia com 20-29 anos a meta foi fixada em 12%. Neste indicador não é possível analisar a evolução pois só se conhece que o ponto de partida, em 2003, era de 8,2%. No entanto, não deixa de ser motivo de preocupação verificar que a média da EU25 é de 12,2%, ou seja uma taxa que em 2003 já estava acima da meta que queremos atingir em 2010.
Quanto à última meta, a taxa de população com diplomas do ensino superior, no grupo etário 25-64 anos, a evolução registada aponta para que a meta de 15% seja atingida. De facto, registou-se uma evolução de 11% em 2003 para 12,5% em 2004, mas não nos podemos esquecer que a média da EU25 é já de 21,9% em 2004, um valor muito superior à meta e que regista crescimentos anuais.
Em síntese, pode concluir-se que as metas relativas ao “hardware” apresentam uma evolução positiva, mas as metas relacionadas com o “software”, ou seja com o “conhecimento”, demoram a registar melhorias. De facto, nos indicadores do “conhecimento” pode dizer-se que continuamos muito aquém da média da EU25, pelo que Portugal tem um longo caminho a percorrer.
Mas, mais do que elaborar grandes planos nacionais para tudo e para nada, Portugal precisa de saber agir com competência. Na sociedade do conhecimento as competências não se referem somente às pessoas individuais, pois as competências colectivas e organizacionais assumem cada vez mais um papel distintivo e decisivo no sucesso de uma organização, de uma região ou de um país. Um Portugal competente, exige que o país, colectivamente, saiba combinar e mobilizar os seus recursos para resolver os problemas nacionais e atingir as metas e os níveis de desenvolvimento fixados no Plano Tecnológico e na Estratégia de Lisboa.
Etiquetas: competências colectivas, estratégia lisboa, plano tecnológico, sociedade conhecimento
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