No quotidiano português é frequente ouvir dizer “o óptimo é inimigo do bom”. Este popular ditado é geralmente utilizado como um aviso: cuidado com o risco de procurar alcançar o óptimo pois podes não conseguir nem o óptimo nem o bom.
Jim Collins tem uma visão diferente ao afirmar, no seu livro De Bom a Excelente, que “o bom é inimigo do óptimo”, pois as empresas boas tendem a acomodar-se e a não procurar a excelência, numa clara atitude defensiva. De facto, a investigação que realizou permitiu concluir que as empresas que seguiram esta lógica não se destacaram da concorrência em termos de rentabilidade. As melhores empresas foram aquelas que fizeram o percurso de bom para excelente e obtiveram rentabilidades muito superiores à média das empresas cotadas na bolsa americana.
A afirmação de Collins pode surpreender os mais cautelosos mas vem confirmar o popular ditado português: quem não arrisca não petisca. No livro, Collins identifica três princípios comuns nas empresas que arriscaram e fizeram a transição para excelente. Primeiro, no tocante às pessoas, observou que estas empresas tinham líderes empreendedores e as pessoas certas não só nas principais posições de gestão mas em todas as posições. O primeiro princípio é muito simples: sem as pessoas certas não há líderes excelentes.
Quanto à organização, o segundo princípio é também simples: estrutura leve, sem hierarquia e sem burocracia, de modo a assegurar uma cultura de desempenho muito exigente. O recrutamento das pessoas certas, a dispensa das pessoas erradas e a ausência de hierarquia são os requisitos para a excelência organizacional.
Por fim, no que diz respeito à tecnologia o terceiro princípio é, mais uma vez, simples: a tecnologia nunca é um criador de impulso mas sim um acelerador de impulso. Ao contrário do que é corrente ouvir-se, Collins constatou que nenhuma das empresas excelentes iniciou o caminho para a excelência com tecnologias pioneiras. Apesar de parecer surpreendente, esta constatação está em sintonia com o facto histórico de nenhuma empresa pioneira em tecnologia se ter transformado numa empresa excelente. Contudo, constatou também que as empresas que se tornaram excelentes identificaram as tecnologias relevantes para a sua actividade e utilizaram-nas como acelerador de impulso.
Em síntese, o que distingue as duas afirmações? A atitude face ao risco. “O óptimo é inimigo do bom” reflecte um problema humano que se observa na generalidade das organizações, quer sejam públicas ou privadas, e traduz uma cultura conservadora com aversão ao risco. “O bom é inimigo do óptimo” simboliza uma cultura aberta que aceita o risco como factor natural de inovação e de empreendedorismo.
“Grandes riscos fazem parte das grandes vitórias.” Roberto Shinyashiki
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