Pareto, Qualidade e Formação

Em 1906, ao estudar os padrões de rendimento em Inglaterra, o economista Vilfredo Pareto constatou que a maior parte da riqueza estava nas mãos de poucas pessoas: 20% das pessoas detinha 80% da riqueza. Mais tarde, em 1940, Joseph Juran, o pioneiro da Qualidade, observou que 20% de qualquer coisa era sempre responsável por 80% dos resultados.

Os defensores do Princípio de Pareto, ou Regra 80/20, defendem que este se pode aplicar a tudo apesar de também recomendarem alguma prudência. Por exemplo, o Princípio é utilizado em gestão para relembrar aos gestores que 20% do que fazem contribui para 80% da sua produtividade. Mas, será que o Princípio se aplica à formação?

Vejamos o que se passa se aplicarmos o Princípio quando pensamos em áreas como o programa, a actividade do formador ou o modo de aprendizagem. Aplicando a Lei ao programa podemos concluir que 20% dos conteúdos do programa são responsáveis por 80% dos resultados de formação. Se isto é verdade, então faz todo o sentido que os formadores se concentrem nos conteúdos de formação que realmente interessam.

Passando à actividade do formador, ao aplicarmos a Regra podemos concluir que, em termos de objectivos pedagógicos, 20% do que o formador faz é responsável por 80% dos resultados. A ser verdadeira a Regra de Juran, a qualidade da formação pode subir exponencialmente se os formadores se concentrarem, apenas, nos 20 % de actividades vitais (vital few, trivial many). A este propósito, muitos pedagogos defendem que a regra deve assumir outra forma: os formadores devem trabalhar 20% do tempo e os formandos os restantes 80%, ao contrário do que se passa actualmente na formação onde os formadores trabalham 80% e os formandos trabalham apenas 20% do tempo.

Por último, pensando em termos de aprendizagem (formal, não formal e informal), e do seu impacto no trabalho, podemos concluir que 20% da aprendizagem contribui para 80% dos resultados. Mas, de que tipo de aprendizagem falamos? Da formal, da não formal ou da informal? Segundo Jay Cross, do Internet Time Group, a Regra assume a forma: a aprendizagem não formal e informal tem um forte impacto (80%) no trabalho enquanto que a aprendizagem formal tem um impacto muito reduzido (20%).

Quer isto dizer que nos devemos concentrar na aprendizagem não formal e informal e abandonar a aprendizagem formal?

“As únicas respostas interessantes são aquelas que destroem as perguntas.”
Susan Sontag

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