Minha coisa é a educação. E pensei que a educação poderia ser avaliada por um exame parecido com a máquina de salsichas – que comparasse os “quilos” de saberes que as escolas colocam nos olhos, ouvidos e memória da “máquina” chamada “aluno” com o que “sobra” ao final.
As escolas colocaram muita coisa dentro do meu funil, nos 17 anos que as frequentei. Quatro anos no curso primário, um no curso de admissão, quatro no ginásio, três no curso científico e cinco no curso superior.
Multipliquei o número de meses, pelo número de dias, pelo número de horas, pelo número de anos: cheguei a 16.830 – o número de horas que passei assentado em carteiras ouvindo a fala dos professores…
Alguns concluirão que a culpa é dos professores. Outros, que a culpa é dos alunos. Não creio que a culpa seja dos professores ou dos alunos. Acho mesmo é que a culpa é da carne que se põe na máquina: ela está estragada. As salsichas cheiram mal.
In “A máquina de fazer salsichas”, Rubem Alves
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