O Processo Bolonha ainda nem começou, é apenas uma miragem

Faz um balanço positivo do Processo de Bolonha?
Não faço. Num certo sentido, o Processo de Bolonha ainda não começou. Subscrevo uma parte significativa dos valores que lhe estão subjacentes, mas está longíssimo de ser uma realidade. O que fizemos foi apenas no plano formal.

Mudar cadeiras anuais para semestrais?
Coisas desse estilo. São adaptações que não alteraram verdadeiramente a forma de trabalhar. Mas não só em Portugal. De um modo geral, as universidades estrangeiras não estão muito mais avançadas.

Ficámos a ganhar ou a perder com Bolonha?
É difícil dizer. Há ganhos, como a massificação do ensino superior, a simplificação das mobilidades ou o reconhecimento de diplomas de umas universidades para as outras. Mas é evidente que pelo caminho se perdeu muito, como a desvalorização social do diploma e a qualidade da formação também não é a mesma.

Um licenciado hoje em dia sai menos preparado?
Incomparavelmente. E seria estranho que a formação de três anos fosse igual à de cinco. Muitos currículos empobreceram-se anos – há a tendência para serem um bocadinho mais enlatados. Por outro lado, desapareceram cadeiras de introdução a questões filosóficas e culturais. Isto tudo sem que tenha havido uma alteração no modo de trabalho dos professores e alunos.

In “O futuro está nas universidades“, Entrevista com António Nóvoa (páginas 8 a 11)

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