Portugal é dos países da UE-27 que apresenta os mais baixos níveis de aprendizagem ao longo da vida, embora essa prática tenha vindo a aumentar nos últimos anos. Portugal apresenta, também, um dos mais altos níveis de desigualdades de rendimentos.
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Eles não sabem que a aprendizagem é uma constante da vida
22 Janeiro, 2008Eles não sabem, nem aprendem
que a aprendizagem comanda a vida.
Que sempre que um homem aprende
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.
Sim, é um plágio. Bastou trocar a palavra sonho por aprendizagem e o verbo sonhar por aprender para me tornar um poeta da era da informação, onde tudo o que está na Internet pode ser adaptado livremente.
Espero que António Gedeão não me leve a mal pois a intenção é utilizar a Pedra Filosofal, que marcou a geração da Revolução de Abril, para abordar a aprendizagem ao longo da vida (ALV) no âmbito do QREN, mais concretamente do Programa Operacional do Potencial Humano (POPH).
A ALV foi consagrada pela Comissão Europeia, em 2000, no Memorando sobre a Aprendizagem ao Longo da Vida. Na altura, o conceito de ALV, que abrange toda e qualquer actividade de aprendizagem formal, não-formal e informal, apareceu como uma forma de ultrapassar a tradicional distinção entre a educação e a formação inicial e contínua. Em termos políticos, a aprendizagem ao longo da vida passou a ser um direito social que tem como reverso da moeda o dever de aprender continuamente.
Em Portugal, a aprendizagem ao longo da vida começa também a estar presente nas políticas nacionais como aconteceu no recente Acordo para a Reforma da Formação Profissional, ainda que de forma muito incipiente.
No entanto, para que tudo isto funcione há um pressuposto fundamental: querer aprender. É aí que está o busílis da questão. Se os portugueses não quiserem aprender não há solução. Podemos ter as melhores escolas, os melhores programas e até os melhores professores que os resultados serão sempre decepcionantes.
Por razões profissionais, leio regularmente estudos e publicações sobre a educação e formação publicados a nível nacional e internacional. Nessas leituras, com conclusões para todos os gostos e interesses, emerge sempre a sombra do professor como o elo mais fraco. Se os alunos não aprendem a culpa é do professor.
Sem querer tomar partido, recordo uma frase de Rubem Alves: “A aprendizagem começa com um pedido“. Um pedido do aluno que quer aprender. O professor, como mestre, é o mediador da aprendizagem. É verdade que o professor também deve ser um sedutor como defende Rubem. Sedutor no sentido em que cativa o aluno para fazer o pedido, para querer aprender, para ter gosto pela disciplina.
Contudo, o desafio da aprendizagem ao longo da vida assume, hoje, uma dimensão que está muito para além das escolas, dos programas, dos professores, em suma, da educação e formação formal. As políticas de formação e educação não podem continuar a limitar-se à aprendizagem formal, pois o futuro da aprendizagem é informal e móvel. Na sociedade em rede, as pessoas aprendem cada vez mais de modo informal nas suas actividades pessoais e profissionais. Os estudos de Jay Cross confirmam que a aprendizagem informal tem um impacto de 80% no trabalho, enquanto que a aprendizagem formal só tem 20%. Então, o pedido (querer aprender) tem de surgir, ao longo da vida, sem a intervenção do professor ou de terceiros. Tem de ser uma característica inata, tão natural como o sonho. Não podemos esquecer que a aprendizagem começa com o sonho, que gera o pedido, e que sonhar não se ensina.
Por outro lado, numa altura em que Portugal aposta fortemente no Plano Tecnológico e na Estratégia de Lisboa como alavancas para a criatividade e a inovação, temos de ter bem presente que a aprendizagem informal é, cada vez mais, o verdadeiro motor do desenvolvimento do capital humano português.
Neste contexto, será que o Programa Operacional do Potencial Humano traduz uma estratégia de Aprendizagem ao Longo da Vida? Tudo indica que não. Quando se constata a incoerência do Programa com Eixos para a Qualificação Inicial, para a Gestão e Aperfeiçoamento Profissional e para a Adaptabilidade e Aprendizagem ao Longo da Vida, percebe-se facilmente que eles não sabem, nem sonham.
Enfim, eles não sabem que a aprendizagem é uma constante da vida.
Publicado na edição online do Diário de Notícias da Madeira a 17 de Janeiro de 2008
Queridos filhos, vocês não têm de ir para a Universidade
10 Janeiro, 2008Master New Media publica uma tradução da carta “Dear kids, you don´t have to go to College” de Will Richardson, autor de Blogs, Wikis, Podcasts and Other Powerful Web Tools for Classrooms, onde fala sobre as razões e motivações que o levam a não forçar os seus filhos a irem para a universidade.
“Queridos Tess e Tucker,
Na maior parte das vossas jovens vidas, vocês devem ter ouvido ocasionalmente a vossa mãe e eu a conversar sobre o vosso futuro em que dizíamos que um dia vocês irão para fora, para frequentar uma universidade, de forma a obter esta coisa chamada licenciatura que depois servirá para mostrar a toda a gente que são entendidos em alguma coisa e que vos levará a conseguir um bom emprego, que vos fará felizes e capazes de criar uma família algures no futuro.
Pelo menos é o que a vossa mãe e eu temos em mente quando falamos há cerca disso.
Mas, ainda não disse isto à vossa mãe, mudei de ideias.
Eu quero que vocês saibam que, se vocês não quiserem, não têm de ir para a universidade e quero que saibam também, que existem outras avenidas que permitem alcançar esse futuro podendo ser mais instrutivas, mais significantes, que vos digam mais e sejam mais relevantes do que tirar uma licenciatura.
Deixem-me colocar as coisas desta forma (explicar-vos-ei isto melhor quando forem mais velhos.)
a) Eu prometo apoiar-vos o maior tempo que puder na vossa jornada para aprender, tenha o aspecto que tiver.
b) Eu farei tudo o que puder para vos ajudar a encontrar e perseguir as vossas paixões quaisquer que sejam os meios que vocês decidam usar, o que irá permitir que vocês aprenderem o máximo que conseguirem.
c) Eu vou ajudar-vos a construir o vosso plano para obter as competências nessa paixão. Esse plano pode incluir diversas actividades e ambientes que sejam totalmente diferentes (e provavelmente bem mais baratos) do que a tradicional experiência universitária.
Alguns dos vossos planos podem incluir salas de aula, outros podem incluir formação ou certificação. Mas alguns podem também incluir aprender através de jogos vídeos on-line, comunidades virtuais e redes informais que ireis construir à volta dos vossos interesses, todos eles a encaminhar-vos na direcção das capacidades que desejarem obter. (Lembrem-me a dado momento para vos dizer o que um individuo chamado George Siemens diz à cerca disto).
Durante este processo, irei ajudar-vos na criação do vosso portfólio de aprendizagem, o artefacto que, quando chegar a altura, vocês irão partilhar com os vossos possíveis empregadores ou colaboradores para iniciarem a vossa vida profissional. (de facto, provavelmente, vocês irão encontrar estas pessoas como parte desse processo.)
Em vez do pedaço de papel na parede que diz que vocês são especialistas, vocês terão um conjunto de experiências, reflexões e conversas que vos irão mostrar a vossa especialidade, mostrar-vos o que sabem, torna-lo transparente. Isso incluirá todo um trabalho e rede de aprendizagem para os quais vocês se irão virar ao logo do tempo, que irá evoluir enquanto vocês evoluem e afirmando-se como a vossa fonte de aprendizagem mais importante.
Eu sei, eu sei. Devem estar agora a pensar, “mas pai, não seria mais fácil ir para a universidade?” sim, deve ser. E dependendo do que acabarem por querer fazer a universidade pode ser a melhor resposta.
Mas pode não ser.
E quero lembrar-vos que, por experiência própria, todo o “aprender” que fiz em todas as aulas da universidade, aonde gastei o meu tempo, não chega perto ao que eu fiz por mim próprio pela simples razão de agora estar a aprender com pessoas que são tão (se não mais) apaixonadas pelo “saber” como eu.
O que eu quero para vocês é que se liguem a pessoas e ambientes aonde a vossa paixão encaixe, na expectativa que vocês aprendam em grupo e não sozinhos. Aonde vocês se sintam livres para criar o vosso próprio currículo, encontrar os vossos professores, e criar as vossas próprias avaliações quando elas forem relevantes. Aonde vocês tomem decisões (e os vossos professores vos guiem nessas decisões) sobre o que é relevante saber e o que não é, em vez de alguém decidir isso por vocês. Aonde, no final do dia, vocês olhem para trás e descubram que a grande maioria do vosso esforço foi tempo bem gasto e não tempo desperdiçado.
Em muitos aspectos invejo-vos.
Eu penso no tempo que gastei a “aprender” coisas que não tinham nenhuma relevância para a minha vida profissional, simplesmente porque a tal era obrigado. Conhecimento esse que se tornou velho quase tão rapidamente quanto proferido pela boca do meu professor.
Eu penso sobre o quanto mais poderia ter conseguido nessas centenas e centenas de horas (e de dólares) que agora parecem deitadas fora porque não tive escolha.
Eu quero ter a certeza que vocês sabem que têm escolha.
Assim, quando a altura chegar, começaremos a conversar acerca dos caminhos que vocês pretenderão seguir e como podem segui-los.
A vossa mãe e eu temos expectativas altas e iremos fazer tudo o que pudermos para vos apoiar nas decisões que tomem.
Para terminar, a minha esperança é que aprendam isto por vós próprios e que agarrem as oportunidades que este novo mundo de aprendizagem e conhecimento vos oferece e que irão achar excitante e provocante como eu o achei.
Com amor, Pai.”
Segredos para o Sucesso -Video
6 Janeiro, 2008Richard St. John explica os segredos para o sucesso em 8 palavras: Paixão, Trabalho, Foco, Persistência, Ideias, Excelência, Auto-confiança (Push), Serviço.
Reforma da Formação Profissional em França (1)
28 Fevereiro, 2007formação profissional
Em Maio de 2004, a França aprovou a Lei da Formação Profissional ao Longo da Vida que consagrou a reforma da formação profissional, a qual foi antecedida da celebração de um Acordo Nacional com os parceiros sociais, em Setembro de 2003.
Para dar a conhecer as novas medidas foi lançado o sítio Formations pour Tous com informações para os 4 públicos-alvo: jovens, desempregados, trabalhadores e dirigentes de empresas.
ALV – Querer Aprender é a Chave
25 Janeiro, 2007Querer aprender é o requisito chave para a mobilização dos portugueses para a qualificação numa óptica de aprendizagem ao longo da vida, como refere o Estudo “Concepção Estratégica das Intervenções Operacionais no Domínio da Educação”, realizado no âmbito da preparação do QREN- Quadro de Referência Estratégico Nacional 2007-2013.
“As políticas dirigidas ao aumento, adaptação e regulação das ofertas formativas têm de ser complementadas por políticas que estimulem a procura. A ALV tem por pressuposto o querer aprender e a promoção do valor social da aprendizagem em todos os contextos representa um passo indispensável para a mobilização da sociedade em torno deste desígnio.
No contexto actual, tal implica, designadamente:
1. Valorizar socialmente a escola, as vias profissionalizantes e a escolaridade de obrigatória de 12 anos, assim como todas as modalidades de aprendizagem não formais e informais e a auto-aprendizagem.
2. Divulgar adequadamente a oferta formativa e disponibilizar serviços de orientação adequados a todos os cidadãos.
3. Reconhecer, validar e certificar os conhecimentos adquiridos em contextos diversificados.
4. Incluir progressivamente a componente de formação no tempo de trabalho.
As políticas agindo sobre a oferta e a procura de ALV, atrás sumariamente enunciadas, visam as metas de convergência europeia estabelecidas. A ALV, tal como a explicitámos, aparece-nos como o desígnio central para o desenvolvimento na área da educação/formação. Contudo, é necessário que este desígnio faça sentido, a nível pessoal, social e profissional, para os cidadãos portugueses, para que se consiga uma real mobilização social em torno da ALV.”
Competências-Chave para a Aprendizagem ao Longo da Vida
7 Setembro, 2006A Proposta de Recomendação do Parlamento e do Conselho sobre as competências-chave para a aprendizagem ao longo da vida identifica o quadro de referência europeu de competências-chave para a aprendizagem ao longo da vida:
“O desenvolvimento da sociedade do conhecimento aumenta a procura de competências-chave no domínio pessoal, público e profissional. A forma pela qual as pessoas acedem à informação e aos serviços está a mudar, o mesmo acontecendo com a estrutura e a composição da sociedade. A coesão social e o desenvolvimento da cidadania democrática são preocupações cada vez mais prementes e exigem que os cidadãos estejam bem informados, se envolvam e sejam activos. Em resultado, os conhecimentos, as aptidões e as atitudes necessárias estão, também, em mudança.
Quadro de referência europeu – Competências-chave:
1. Comunicação na língua materna;
2. Comunicação em línguas estrangeiras;
3. Competência matemática e competências básicas em ciências e tecnologia;
4. Competência digital;
5. Aprender a aprender;
6. Competências interpessoais, interculturais e sociais e competência cívica;
7. Espírito empresarial;
8. Expressão cultural.”
Deverá estar ligado para publicar um comentário.