Posts Tagged ‘desemprego licenciados’

Não tenham a ilusão de que o diploma dará emprego aos vossos filhos

21 Maio, 2012

Dezoito ou dezenove anos é muito cedo para definir o que se vai fazer pelo resto da vida. Esse é um tempo de procuras, indefinições, sonhos confusos. É normal que, ao meio do curso universitário, o jovem descubra que tomou o trem errado e se disponha a saltar na próxima estação. É angústia para os pais. Claro, porque o que eles mais desejam é ver o filho formado, empregado, ganhando dinheiro. Isso lhes daria liberdade para viver e permissão para morrer… Mas não seria terrível para ele – ou ela – se, só para não “perder tempo”, “só para não voltar ao início”, continuasse até o fim? Se não quero ir para as montanhas, se quero ir para a praia, por que continuar a dirigir o carro pela estrada que vai para as montanhas? Pais, não fiquem angustiados. Sua angústia é inútil. E nem fiquem com a ilusão de que o diploma dará emprego ao filho. Não dará. Assim é melhor ir devagar seguindo a direção que o coração manda.

In “Sobre a coragem de mudar”, Rubem Alves

Cursos com mais emprego em Portugal

1 Abril, 2012

In “Cursos na área da saúde dão canudo de ouro“,

Jornal de Negócios de 30 de Março de 2012

Em Portugal as mulheres ganham menos do que os homens e são mais afectadas pelo desemprego

29 Fevereiro, 2012

In “Retrato da situação no mercado de trabalho das pessoas com o ensino superior em Portugal 1998-2008

Somos o país que produz mais doutorados nas várias áreas da ciência – vídeo

1 Novembro, 2011

Quanto mais cedo a desobediência menor será a catástrofe.

Vale a pena investir num curso superior para trabalhar numa caixa de hipermercado?

5 Outubro, 2011

De 1991 para 2010, o número de diplomas universitários entregues anualmente quase quadruplicou, de 20 para 80 mil. À superfície, parece uma evolução inteiramente positiva. Mas basta escavar um pouco para perceber que não é bem assim. O número de desempregados com um diploma superior cresceu nos últimos 20 anos de menos de 5 mil para mais de 55 mil, ou seja, 11 vezes em absoluto e quatro vezes mais que o aumento total do desemprego.

No dia em que os alunos perceberem que estão a pagar por um curso que não garante um futuro melhor o sistema implodirá. Na realidade, esta filosofia do “o que é bom é ter um cursinho” é uma fraude social generalizada.

In “A bolha especulativa na universidade portuguesa

Os licenciados são uma commodity?

21 Setembro, 2011

Em conversas com amigos costumo ouvir, com alguma frequência, “o meu filho/a não consegue emprego pelo que está a tirar o mestrado”. Sempre que ouço este desabafo ocorre-me a mesma dúvida: será que com o mestrado vai arranjar emprego com mais facilidade?

Para começar, convém lembrar alguns números que dão uma ideia clara da revolução em curso no mercado de emprego. Por um lado, o desemprego está a crescer tendo atingido os 12,4%, no 1º trimestre de 2011. Por outro lado, o número de empregos está a decrescer tendo-se registado uma redução de 139800 empregos, de 2003 a 2011. Acresce que, neste cenário de elevada redução de emprego, o nº de diplomados no ensino superior tem vindo a subir significativamente tendo registado um aumento de mais de 107% em 10 anos.

Neste contexto, a questão central que se coloca aos jovens licenciados é: o que devo fazer para melhorar a minha empregabilidade? Obviamente, as hipóteses são múltiplas. No entanto, antes de qualquer decisão é fundamental que cada um faça uma reflexão sobre o que pretende em termos de carreira: o que sou, o que quero vir a ser em termos pessoais e profissionais e o que devo fazer para o conseguir. Concluída a reflexão, para uns, a solução poderá passar por um mestrado mas, para outros, a solução será seguramente bem diferente.

Se a entrada na carreira exige a posse de mestrado então a decisão de o tirar está, indiscutivelmente, correcta. O mesmo se passa se a progressão na carreira exige a posse de mestrado. Contudo, este tipo de carreiras constitui um mercado de emprego de reduzida dimensão. Pelo contrário, o mercado de emprego de licenciados é bastante maior. A este propósito importa referir que o aumento exponencial de licenciados e de mestrados pós- Bolonha supera largamente a procura do mercado português. Mesmo que se atenue a crise actual, o mercado de emprego de licenciados continuará altamente competitivo pois todos os anos saem das universidades milhares de licenciados enquanto que a taxa de criação de empregos para licenciados tende a continuar reduzida. Em épocas de crise, a taxa pode mesmo ser nula ou negativa.

Como resolver esta inequação? Uma coisa é certa: ter um diploma do ensino superior não dá qualquer garantia de emprego. Então, qual é a solução para obter emprego? Esta é, provavelmente, a pergunta de um milhão de euros. Mas, sinceramente, não creio que haja a “resposta certa”. Cada caso é um caso.

Vejamos o que se passa no recrutamento de licenciados. Quando uma organização decide recrutar um licenciado o que está a fazer, na verdade, é contratar as suas competências para realizar determinado trabalho. Por exemplo, quando na imprensa aparece um anúncio de recrutamento em que o principal critério de selecção é a licenciatura em arquitectura estamos perante um recrutamento onde os licenciados são tratados como uma commodity. Por outras palavras, como é muito elevado o número de arquitectos disponíveis no mercado a remuneração oferecida pelo trabalho é muito baixa, um fenómeno bem conhecido da “geração à rasca”.

Contudo, nem sempre os licenciados são tratados como uma commodity. Vejamos duas situações bem conhecidas. A primeira ocorre quando as organizações pretendem recrutar os melhores alunos das melhores universidades. Como a procura é superior à oferta dessas universidades, as organizações tendem a oferecer remunerações aliciantes para atrair os melhores. A segunda ocorre quando as organizações pretendem recrutar licenciados privilegiando determinadas competências comportamentais. Nestes processos de recrutamento os critérios decisivos para obter o emprego são a atitude positiva,  a auto-motivação, a auto-confiança, a ética no trabalho, a capacidade de comunicação, a capacidade de resolução de problemas, a capacidade de trabalho de equipa, a criatividade, a flexibilidade e adaptabilidade à mudança e a resistência ao stress.

Em síntese, no actual mercado de emprego, o grande desafio para os licenciados é: ser ou não ser uma commodity, eis a questão. O desafio é demasiado complexo para pretender prescrever quaisquer receitas milagrosas. Pretendo, apenas, chamar a atenção para a crescente valorização pelas organizações das competências comportamentais, as quais podem fazer toda a diferença e melhorar, de facto, a empregabilidade dos licenciados.

1 Commodity é um termo de língua inglesa que significa mercadoria e é utilizado nas transacções comerciais de produtos de origem primária nas bolsas de mercadorias (Wikipedia).

8 dos 15 cursos superiores mais frequentados são os que têm as mais altas taxas de desemprego

8 Agosto, 2011


Não há lugar para todos. Os candidatos a gestores, engenheiros, psicólogos, arquitectos ou advogados são tantos em Portugal que uma boa parte dos recém-licenciados corre o risco de não encontrar um emprego quando terminar o curso. São as leis do mercado de trabalho a funcionar – quanto mais abundante é a oferta, maiores são as hipóteses de ficar excluído. Os cursos com mais alunos inscritos são os que apresentam as maiores taxas de desemprego.
Esta conclusão só é válida para os últimos três anos, uma vez que não existem estatísticas globais sobre o número de desempregados para cada licenciatura. O i cruzou os dados do Ministério do Ensino Superior e do Instituto do Emprego e Formação Profissional e concluiu que oito entre os 15 cursos mais frequentados são igualmente os que revelam os índices mais elevados de desemprego

In “Cursos superiores. Quanto mais populares menos promissores

É mentira que mais educação conduza a uma economia mais dinâmica

14 Março, 2011

Há anos, há décadas, que venho a alertar para o facto de a correlação entre educação e desenvolvimento não ser uma relação causal. É mentira que mais ensino conduza necessariamente a uma economia mais dinâmica. Quem duvide disto, deve ler a obra que, em 2002, Alison Wolf publicou, Does Education Matter?. O consenso oficial é exactamente o oposto, ou seja, para os nossos políticos, quanto mais “educação”, melhor. Não admira que as expectativas dos pais tenham crescido. Até ao dia em que, entre o espanto e a indignação, viram que, apesar de terem um diploma, os seus filhos não arranjavam trabalho. No dia 5 deste mês, The Economist publicou um gráfico no qual Portugal vem à cabeça. A coisa era tão extraordinária que me debrucei sobre ele gulosamente. Eis o que descobri: entre 2000 e 2007, relativamente ao grupo etário correspondente, Portugal teve a percentagem mais elevada de estudantes pós-graduados do mundo. Durante a última década, o número de doutorandos quadruplicou, ultrapassando países como a Suécia, a Inglaterra e os EUA. Parece exaltante, mas não é.

In “Os mitras, os boys e os betos”, Maria Filomena Mónica (Público, 13 Março 2011)

Qual o significado do termo desempregado?

10 Março, 2011

Não foi encontrada a possibilidade de exercício de uma profissão linear e directamente relacionada com o curso que se possui?

Ora, a diversidade crescente de novas profissões faz com que essa relação linear e directa não seja fatidicamente necessária para explicar a relação entre formações e taxa de empregabilidade. É preciso distinguir competências profissionais de obrigatoriedade, ou exigência, de exercício profissional linear e directamente relacionado com o curso que em título se possui.

In “Percursos de empregabilidade dos licenciados: Perspectivas europeias e nacional”, Fernando Gonçalves, Teresa Carreira, Sandra Valadas e Bernardete Sequeira

Mapa dos empregos no estrangeiro

1 Março, 2011

Edição da revista Visão de 24 de Fevereiro de 2011.