Dizem-nos que se apostarmos na formação profissional, na formação contínua, na formação para a empregabilidade, nas competências para competir, nas qualificações certas, vamos resolver os nossos problemas de competitividade económica, de produtividade. Isto é um verdadeiro pedagogismo. Mas alguém está convencido disto? Se está é de uma ingenuidade e de uma ignorância totais. Se não está, é de uma má fé extraordinária porque faz o discurso sabendo que não é verdadeiro. Realmente, não podemos hoje subordinar a educação de adultos e a educação em geral a elementos de formação e de ajuste às necessidades do mercado de trabalho, da economia, apenas porque não vamos lucrar nada com isso.
As necessidades do mercado de trabalho e da economia são fluídas, mudam com uma enorme rapidez e a educação não consegue acompanhar nem é bom que acompanhe, porque a educação é importante se dialogar criticamente com estes sectores e com os nossos problemas. A educação não pode ficar de costas voltadas para os problemas do trabalho, da economia, da cidadania. Mas também não pode, por outro lado, dialogar com estes problemas numa posição absolutamente subordinada, de ajustamento.
In “Entrevista com Licínio Lima”,
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