“Na rua, no café, nos locais públicos em geral ouve-se: “Ah! Agora, ando a estudar! Ando a fazer o 9º ou 12º ano! Aquilo é porreiro, pá!”
Entretanto, há pessoas com quem contactamos no dia-a-dia, mais próximos de nós, o cabeleireiro, o sapateiro, a empregada doméstica, etc. que também nos confidenciam com ar feliz: “Agora, com esta idade, ando a estudar! Ando a fazer o 9º!” E nós, simpaticamente, sorrimos, abanamos a cabeça e dizemos que fazem bem, sempre é uma mais valia… contudo, numa dessas conversas, tentei descobrir que disciplinas constavam do curso, ficando a saber que eram Português, Matemática, Informática e Cidadania para o 9º ano; e indaguei ainda como eram as aulas e a avaliação final….
Três meses passaram num abrir e fechar de olhos, por isso um destes dias, enquanto aguardava a minha vez para ser atendida no consultório médico, fui brindada com o dossier do curso da recepcionista e respectivo certificado de 9º ano. Engoli em seco aquelas páginas recheadas de erros ortográficos e de construção frásica, desencadeamento de ideias e falta de coesão, (…), entremeados por bonitas fotografias; na II parte, umas contitas simples e duas tábuas de multiplicação; e em Cidadania, os contentores do lixo coloridos com a indicação dos resíduos que se põem lá dentro.”
In “Novas Oportunidades – A ignorancia certificada”, Marta Oliveira Santos
Etiquetas: cno, qualidade educação
9 Julho, 2009 às 11:05 am |
Gostava de deixar a resposta à questão colocada neste post.
Aqui fica: http://rvccno.blogspot.com/2009/07/em-resposta-uma-questao.html
Votos de bom trabalho e reitero os parabéns pela qualidade e pertinência deste espaço.
João Lima
10 Julho, 2009 às 8:28 am |
Não tenho dúvidas sobre a qualidade dos CNO onde tenho colaborado como avaliador externo, mas desde o início do programa tive a percepção do risco de se criar em certos públicos uma imagem de desvalorização dos certificados obtidos nos processos RVCC.