A palavra “seminário” vem de sémen

Seminário não é aula. Seminário não é transmissão de saberes de outros. É transa, para que haja gravidezes e ideias novas nasçam, ideias que nem mesmo o professor jamais pensou. Num seminário o professor é também um aprendiz. Na aula o aluno recebe um saber do outro. O objectivo do seminário é diferente: que todos, juntos, por meio desta orgia espermática, fiquem grávidos e comecem a parir.

Aula: um sabe e os outros não sabem. Seminário: cada um conhece um pouquinho e desconhece muito. O professor não dá respostas. Ele não sabe as respostas. Ele é um dos que procuram. Qualquer participante pode definir a pergunta inicial, provocação de pensamento. O que dá vida a um seminário é o não saber, a procura, os enigmas. Na aula a inteligência é um estômago que rumina e digere. Também isso é preciso. Mas no seminário a inteligência é útero. As sementes são jogadas lá dentro para que ela fique grávida – algo nunca pensado deve crescer e ser parido. O objectivo não é chegar a resultados. É desenvolver a capacidade de pensar e descobrir coisas novas.

Esse, eu penso, é o objectivo supremo da educação.”

In “A aula e o seminário”, Rubem Alves

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