“Em vez de dar comida a um mendigo, dê-lhe uma cana e ensine-o a pescar.”
Este bem conhecido provérbio chinês, que utilizamos no nosso quotidiano, tem todo o sentido na denominada sociedade do conhecimento, onde as pessoas se confrontam com o desafio de desenvolver novas competências, dada a rapidez com que estas se tornam obsoletas devido às permanentes transformações tecnológicas.
Estas transformações têm tido consequências em termos de aumento do desemprego, atingindo, em especial, os trabalhadores de baixo nível de qualificação, o que leva muitos especialistas a defender que a solução para minorar este problema passa por ministrar formação de banda larga de modo a facilitar a inserção no mercado de trabalho e a manutenção do emprego.
Esta convicção, bastante generalizada, está bem enraizada na oferta de educação e formação inicial a nível nacional, mas faltam os estudos que comprovem que este caminho está a produzir os resultados desejados. Se é verdade que há vinte anos, quando a formação contínua era praticamente inexistente, a formação de banda larga fazia todo o sentido como preparação para um emprego para “toda a vida”, hoje em dia interessa reflectir se esta abordagem é a mais adequada a um mercado de trabalho em permanente mutação.
À primeira vista pode pensar-se que sim. Se o mercado de trabalho é instável então a formação de banda larga melhora a capacidade do trabalhador manter o emprego. Isto pode ser verdade dentro da mesma família de profissões, mas não quando o trabalhador muda de profissão. Neste caso, é necessário obter nova qualificação para realizar o trabalho. Actualmente é frequente encontrar trabalhadores que ao longo da sua vida profissional já passaram por várias profissões sem afinidade funcional. A esta realidade, veio juntar-se outra nos últimos anos. É o caso de trabalhadores cuja profissão mudou radicalmente devido à introdução das novas tecnologias.
Mais do que uma formação de banda larga, o que estes trabalhadores têm de possuir para enfrentar estas situações é a capacidade de aprender e de se adaptar às evoluções. Torna-se necessário reflectir em termos de empregabilidade e não de posto de trabalho ou profissão. A mobilidade profissional será uma constante e os trabalhadores terão de saber construir os seus itinerários profissionais ao longo da vida e não através de carreiras pré-definidas, como antigamente. Por muito boa que seja a formação de banda larga, a obsolescência das competências é cada vez mais rápida, havendo estudos internacionais que indicam que estas se deterioram a uma taxa de 7 a 10% ao ano. Isto quer dizer que ao fim de cerca de 10 anos, caso não tenha feito a manutenção das suas competências, o trabalhador terá perdido a sua qualificação.
Por outro lado, a formação de banda larga visa, sobretudo, validar recursos adquiridos (conhecimentos, capacidades, experiências profissionais,…) quando a empregabilidade de um profissional depende não só dos “recursos” que possui mas, principalmente, da sua capacidade de combinar e mobilizar os recursos adequados às acções que tem de realizar.
Em síntese, na sociedade do conhecimento, o conceito chave para reforçar a empregabilidade é a “capacidade de aprendizagem” a que se associam modelos organizacionais denominados “learning organizations”. As pessoas devem saber aprender e querer aprender e as organizações devem proporcionar as condições para que as pessoas aprendam e mobilizem as suas competências com profissionalismo.
Etiquetas: capacidade aprendizagem, empregabilidade, formação banda larga, organização aprendente, querer aprender, sociedade conhecimento
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