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A imperdível lição de Manuel Castells sobre Comunicação, Poder e Democracia

19 Fevereiro, 2012

Na democracia representativa é impossível punir a corrupção

7 Novembro, 2011

Castells, autor do livro Comunicação e Poder, insiste no texto que, na democracia representativa que conhecemos e vivenciamos, a classe política organizou-se como classe própria, preocupada com seus próprios interesses e se distancia cada vez mais de seus supostos representados. Nesse modelo, a punição da corrupção tornou-se impossível.

É preciso, defende o espanhol, repensar o modelo. No processo de mudanças, a internet, por meio das redes sociais, terá um papel fundamental. Ele advoga que os Estados garantam, com subsídios, o acesso livre de todos os cidadãos à rede mundial de comunicação.

In “Manuel Castells, o guru da ‘nova política’ de Marina Silva

A análise lúcida da crise do euro por Manuel Castells

24 Outubro, 2011

Quando secou o crédito às empresas, a crise financeira converteu-se em crise industrial e de emprego. Os governos assumiram o custo de evitar o desemprego em massa e tentar reanimar a economia moribunda. Como pagar a conta? Aumentar os impostos não dá votos. Por isso, recorreram aos próprios mercados financeiros, aumentando sua já elevada dívida pública. Quanto mais especulativas eram as economias (Grécia, Irlanda, Portugal, Itália, Espanha) e quanto mais os governos pensavam apenas no curto prazo, maior eram o gasto público e o aumento da dívida. Como ela estava lastreada por uma moeda forte – o euro –, os mercados continuaram emprestando. Contavam com a força e o crédito da União Europeia. O resultado foi uma crise financeira de vários Estados, ameaçados de falência. Esta crise fiscal converteu-se, em seguida, numa nova crise financeira: porque colocou em perigo o euro e aumentou o risco de países suspeitos de futura insolvência.
In “Não é crise. É que não te quero mais

Qual é o papel do Estado nos dias de hoje?

25 Abril, 2011

Os cidadãos têm direito universal à saúde, como pessoas, independentemente de sua situação trabalhista. A maior parte dos sistemas de segurança social no mundo ainda estão baseados no posto de trabalho. Isto cria uma carga de impostos sobre a empresa que é um dos principais factores que faz com que não se criem empregos estáveis e que se desenvolva a economia informal. Então, o debate que está proposto é como passar de uma cobertura centrada no trabalho a uma cobertura centrada nos direitos da pessoa. Por ser uma pessoa, tenho direito à saúde, tenho direito à educação, tenho direito à segurança, uma série de direitos que o Estado deve cobrir. Deve cobrir como? Através, claro, de uma carga de impostos sobre a criação de riqueza no país. Esta é uma mudança fundamental no que era o estado de bem-estar. Mas sua pergunta vai muito além. Qual é o papel do Estado em um sistema global, informacional, como o que temos? Em primeiro lugar, o primeiro papel do Estado é um papel prévio. Ou seja, pode uma sociedade, um país, uma economia funcionar, ou não, neste novo sistema global? Porque se não pode funcionar é simplesmente como entrar sem electricidade na era industrial.

In “Entrevista a Manuel Castells, Programa Roda Viva

A educação é a bussola para navegar nas revoltas águas globais

11 Março, 2011

Não há outro remédio que navegar nas revoltas águas globais […]. É essencial, portanto, para essa viagem inescapável e potencialmente criativa, ter uma bússola e uma âncora. A bússola: é educação, informação, conhecimento individual e colectivo; a âncora: nossas identidades – saber quem somos e de onde viemos, para não nos perdermos do lugar para onde vamos (Castells, 1999).


Está em construção um novo espaço público de debate

30 Dezembro, 2010

Vivemos uma crise da noção de cidadania – vídeo

2 Maio, 2010

A Internet é extremamente útil para a educação

10 Fevereiro, 2010

El País:  Como está utilizando o poder da Internet? Para que lhe serve?

Castells: Os Estados têm medo dela, porque perderam o controle da comunicação e da informação sobre o que o poder se baseou ao longo da história. A Internet é extremamente útil para a educação, para os serviços públicos, para a economia. E não se pode ter um pouquinho da Internet, tem que se ter Internet na plenitude de sua capacidade autónoma de comunicação. Não se pode interferir na Internet. Pode-se fechar um servidor. E se abre outro. O Estado vigia a Internet, entra na privacidade das pessoas. Mas isso sempre o fez, ainda que sem uma ordem judicial, se o Estado quer, ele nos vigia. Todos os Governos de todo o mundo o fazem, podem fazê-lo. A novidade é que nós podemos vigiar a eles.

El País: Você diz que poder é muito mais que comunicação, e comunicação é muito mais que poder. Choque de ideias.

Castells: Exacto. A Internet incide nas relações de poder, incrementando o poder dos que tinham menos poder. Mas isso não quer dizer que os que sempre tiveram o poder deixem de ter. Ainda o tem, mas menos. E tentam delimitar os espaços de liberdade. Nos EUA, por exemplo, buscam criar uma Internet não neutra, maior banda larga a quem pagar mais. Outro método é tentar censurar, fechar servidores. Mas sempre se pode desviar o tráfego por outros circuitos. E outro método seria introduzir legislações que servem para uma coisa – pornografia infantil, controle de pirataria… – mas podem usar para outra… Este tipo de legislações tem como objectivo último o controle da Rede.

El País: Será mais difícil a manipulação?

Castells: Num mundo dominado pela televisão, dependendo, pode-se receber imagens que quase todas serão no sentido de activar esse medo. Num mundo livre de Internet, pode-se ter suficientes imagens de outro sentido para activar seus outros elementos metafóricos de diminuir o medo e aumentar a confiança. Isso é o que Obama activou com muita habilidade. Não se pode compreender Obama sem os recursos da Internet. Não foi só pela Internet, mas, sem Internet, Obama não teria sido eleito.

Não se pode compreender Obama sem a Internet”, Manuel Castells

A Internet é um instrumento de liberdade e de autonomia

4 Fevereiro, 2010

Castells – Exactamente. Mas medo de quem? A velha sociedade tem medo da nova, os pais dos seus filhos, as pessoas que têm o poder ancorado num mundo tecnológico, social e culturalmente antigo do poder que lhes abalroa, que não entendem nem controlam e que percebem como um perigo. E no fundo é mesmo um perigo. Porque a Internet é um instrumento de liberdade e de autonomia, quando o poder sempre foi baseado no controle das pessoas por meio do controle da informação e da comunicação. Mas isto acaba. Porque a Internet não pode ser controlada.

El País – Vivemos numa sociedade onde a gestão da visibilidade na esfera pública mediática, como a define John J. Thompson, se converteu na principal preocupação de qualquer instituição, empresa ou organismo. Mas o controle da imagem pública requer meios que sejam controláveis, e se a Internet não é …

Castells – Não é, e isso explica porque os poderes tem medo da Internet. Estive em várias comissões de assessoria de governos e instituições internacionais nos últimos 15 anos, e a primeira pergunta que os governos sempre fazem é: como podemos controlar a Internet? A resposta é sempre a mesma: não se pode. Pode se vigiar, mas não controlar.

In “A internet muda os paradigmas da relação entre comunicação e poder”, entrevista a Manuel Castells

Qual é o papel do Estado numa economia global

19 Janeiro, 2010

Os cidadãos têm direito universal à saúde, como pessoas, independentemente de sua situação trabalhista. A maior parte dos sistemas de segurança social no mundo ainda estão baseados no posto de trabalho. Isto cria uma carga de impostos sobre a empresa que é um dos principais factores que faz com que não se criem empregos estáveis e que se desenvolva a economia informal. Então, o debate que está proposto é como passar de uma cobertura centrada no trabalho a uma cobertura centrada nos direitos da pessoa.

Por ser uma pessoa, tenho direito à saúde, tenho direito à educação, tenho direito à segurança, uma série de direitos que o Estado deve cobrir. Deve cobrir como? Através, claro, de uma carga de impostos sobre a criação de riqueza no país. Esta é uma mudança fundamental no que era o estado de bem-estar. Mas sua pergunta vai muito além. Qual é o papel do Estado em um sistema global, informacional, como o que temos? Em primeiro lugar, o primeiro papel do Estado é um papel prévio. Ou seja, pode uma sociedade, um país, uma economia funcionar, ou não, neste novo sistema global? Porque se não pode funcionar é simplesmente como entrar sem electricidade na era industrial.

Assim, o primeiro aspecto é o esforço de um Estado para participar da globalização. E aqui está a contradição. Por um lado, participar da globalização exige um esforço de modernização da economia, mobilização da sociedade e mudança institucional, o que faz que o Estado, na realidade, esteja solapando, destruindo as bases de sua autonomia.

In “Entrevista a Manuel Castells, Programa Roda Viva